segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Antes do Fim...


Vens...
Teus passos incendeiam minha alma...
Um sol atravessa cada silêncio derramando certezas desiguais...
Uma dança habita em nós...
O instante está sendo construído de eternidade e adeuses...
Às vezes, desconheço a linguagem em que te despes...
Apenas devoro cada instante singular em que me tocas...
Escuta: meu tempo faz-se também de medos e sonhos...
Só peço que me encontres quando as palavras romperem o gesto obscuro do adeus.
 E assim, poderei te dizer do meu amor...
Não quero imaginar que seja tarde, mesmo sabendo que as palavras saem mudas da tua boca.
Só quero ainda olhar teu rosto, beijar-te, sentir tua pele na minha... E deitar meu corpo ao teu lado...
 Segurando tua mão como um último gesto de despedida...


domingo, 28 de agosto de 2011

Água para quem tem sede


"O que escrevo não é o que tenho...é o que me falta.
A poesia é apenas uma expressão do não-ser do poeta.
Escrevo porque tenho sede... E a poesia é agua."

                                                                                                        Rubem Alves

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Amanhecer

A noite vai respirando tudo o que restou de um dia
Naufragado... de paz.

O ponteiro vai mostrando que há um tempo para sonhar
E sem muitas esperanças aguardo o momento de fechar os olhos
e quem sabe voar para o infinito azul...
Vejo que nuvens dançam e correm para encontrar, talvez o sol que teima em surgir todas as manhãs...

Sinto um cheiro de jasmim invadindo minha alma e gotas de orvalho molham meu rosto.
Ao longe posso imaginar pássaros anunciando a sua chegada... E você vem devagar, rompendo a escuridão e um clarão surpreende meus pensamentos com seus raios delicados e tímidos...

E a magia da noite é escancarada por um novo despertar.

                                                                                                                           Sílvia Freitas

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O silêncio das palavras



"Às vezes é preciso recolher-se. O coração não quer obedecer, mas alguma vez aquieta; a ansiedade tem pés ligeiros, mas alguma vez resolve sentar-se à beira dessas águas. Ficamos sem falar, sem pensar, sem agir. É um começo de sabedoria, e dói. Dói controlar o pensamento, dói abafar o sentimento, além de ser doloroso parece pobre, triste e sem sentido. Amar era tão infinitamente melhor; curtir quem hoje se ausenta era tão imensamente mais rico. Não queremos escutar essa lição da vida, amadurecer parece algo sombrio, definitivo e assustador. Mas às vezes aquietar-se e esperar que o amor do outro nos descubra nesta praia isolada é só o que nos resta. Entramos no casulo fabricado com tanta dificuldade, e ficamos quase sem sonhar. Quem nos vê nos julga alheados, quem já não nos escuta pensa que emudecemos para sempre, e a gente mesmo às vezes desconfia de que nunca mais será capaz de nada claro, alegre, feliz. Mas quem nos amou, se talvez nos amar ainda há de saber que se nossa essência é ambigüidade e mutação, este silencio é tanto uma máscara quanto foram, quem sabe, um dia os seus acenos."
                                                                                                                                          Lya Luft

sábado, 13 de agosto de 2011

Meu Jardim

                         

Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores                    
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores                             
Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores     
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores
Tô limpando minha ca sa, minha cama, meu quartinho                               
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho     
                           Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho
Estou podando meu jardim

                                                                                                                                                                             Composição: Vander Lee

A menina das borboletas

Os Girassóis

                                                  
Sinto surgir em meu rosto um novo poema...
                           ele traz um brilho refletido no meu olhar
                            que já não é mais meu
                           ele é seu
revestido de girassóis

 Os seus olhos me dizem coisas que ainda não sei decifrar,
mas já me fazem sonhar...

Ah de novo poder sentir o vento na minha alma
as andorinhas fazendo ninho  nos meus cabelos e o sol...
                         Ah, o sol
                         aquecendo suavemente o meu corpo 
                         como um abraço... e nos braços poder descansar...

 E se esse poema falar de amor não tente silenciar
                      as palavras que querem te encontrar... 

                                                                                                 Sílvia Freitas
Pintura em aquarela por João Barcelos

domingo, 7 de agosto de 2011


"Talvez meu amor tenha aprendido a ser menos amor
 só para nunca deixar de ser amor..." Tati Bernardi

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Essa tristeza sem fim...



Sinto um não saber dentro de mim.
Não saber o que fazer com os dias que parecem intermináveis...
Não saber o que fazer com o pensamento que cisma em pensar em você...
 Não saber parar essas lágrimas que teimosamente, pingam no papel que já amassei tantas vezes...
 Não saber o que fazer com a dor deste silêncio que nada preenche...
                              
                                                                                               Sílvia Freitas

Todo Sentimento

Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente.
Preciso conduzir
Um tempo de te amar,
Te amando devagar e urgentemente.

Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez,
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez.

Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente...
Prefiro, então, partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.
Depois de te perder,
Te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada;
Nada aconteceu.
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.

                                                                                        Chico Buarque