domingo, 29 de setembro de 2013

A viagem


... Mas ele despiu-se de mim

Vestiu-me de ausência

E foi visitar outros mundos
Onde a minha verdade
                                           É sem voz.          (Nara Rúbia)

            












sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Fazendo as pazes

Fiquei de bem com o meu coração
Agora ele entende que sempre, ao te ver passar,  irá acelerar mais
Tudo normal 
Não preciso mais esperar a ânsia eterna de te ter ao meu lado
Porque tu vives em mim
E enquanto este sentimento me envolver
eu serei feliz
estarei em paz!

                                       Sílvia Freitas
                                                                                   



terça-feira, 24 de setembro de 2013

Todo azul


Meu sonho se fez vida
E o azul  tomou conta de mim

E assim será o meu viver
Reinventando o meu instante no brilho do seu olhar
Acalmando-me no fogo das suas mãos

E então quando tudo parecer descansar
o amor se fará corpo
e a alma adormecerá nos braços da noite

E enfim confessarei o meu desejo de liberdade
e dormirei encantada pela música do amanhecer

                                        Sílvia Freitas


domingo, 22 de setembro de 2013

Os nós de viver

Estou aprendendo...
Ainda tenho tantos medos
Mas quando olho para os seus olhos
e vejo tudo o que vivemos
 os meus ficam embaçados
e tento abraçar o pouco da sua lucidez

Viver sem saber
é um perder-se de si
 cada dia um reencontrar
é um perder-se nas lembranças

Quando suas mãos apertam as minhas
eu sinto que você tem a certeza que cuidarei da sua vida

E mesmo com todo meu amor,  mãe
às vezes precisarei de colo também...

Há, em mim, um cansaço de viver

Eu sei, eu não devia
mas eu quero tão pouco
quero-me abismo deste existir...

                                                           Sílvia Freitas





sábado, 21 de setembro de 2013

Meu corpo é semente

Não adianta
O meu agora nasce a cada instante 
Não temo o presente
e o futuro é um rio correndo dentro de mim

Meu corpo é semente
e de sonhos vou descobrindo
o meu existir

Das verdades invisíveis estou tecendo
o amanhã 
e em silêncio faço amor com o impossível

                                                             Sílvia Freitas





sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Meus passos


É preciso silenciar o coração
Há uma possibilidade de fuga
O azul inteiro me deseja
Ah, esta vontade de mergulhar
no infinito do seu querer

Apressa o seu passo para o encontro
 antes do voo sofrido dos pássaros

Inútil tentar 

Agora já  posso ouvir o sussurro da sua chegada
os seus lábios trazem o passado
e o infinito de uma saudade perdida

                                                Sílvia Freitas


terça-feira, 17 de setembro de 2013

Minha poesia


Sou pedra. Escrevo pássaro. Sou tristeza. 
Escrevo alegria. A poesia é sempre o reverso
das coisas. Não se trata de mentira. É que
somos seres dilacerados. O corpo é o lugar
onde moram as coisas amadas que nos
foram tomadas, presença de ausências, daí
a saudade, que é quando o corpo não está onde está.

                                                                  Rubem Alves




domingo, 15 de setembro de 2013

Ausência

Em vão surpreendo-me com seus olhos sobre mim
eles já não me dizem nada
e nada mais me faz sentir
Mas sei que você está aqui
em algum lugar da minha memória
Não quero lembrar
Aliás, o que teria para lembrar?
Senão o eco vazio dos seus passos...

                                                                                    Sílvia Freitas




sábado, 14 de setembro de 2013

Meu viver

É difícil
mas eu queria o seu amor só pra mim
não aprendi a dividir
só sei somar
e do meu jeito exagerado
multiplicar muitas e muitas vezes
este amor sem fim
Você parece não entender
não percebe que eu sou assim
e me deixa de lado
nem um beijo roubado é tentado
Vou cantando este meu sonhar
em ter você só pra mim
quem sabe um dia um poeta verdadeiro
se encante com este entristecer
e toque uma viola
para este meu sofrer...


                                                                  Sílvia Freitas

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Minha solidão

Por que tu  insistes em chegar se  nunca consegues ficar
O teu vir já é vestido de adeus
E o azul das tuas mãos nem sempre preenche o vazio das minhas

Entenda
 a minha solidão é só minha
 - solidões não se somam, apenas permanecem lado a lado

Se não pode ser amor 
Não carregarei comigo a tristeza de amar sozinha.

                                                                                                         Sílvia Freitas







sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O meu olhar

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos".


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Querer-te


Ah estes teus olhos que me enchem de esperança... 
Este querer de longe e de tão perto não poder
Querer-te entre o sim e o talvez
Desejar este sonhar na solidão dos meus versos
E de tanto amar-te em sombras esquecidas
Carregar comigo o gosto amargo do vazio dos teus braços.

                                             Sílvia Freitas